domingo, 27 de julho de 2008

Uma Liberdade fustigada pela cor do sangue

Uma Liberdade fustigada pela cor do sangue
Derramado no interstício silencioso
Do eco da Palavra.
Uma Liberdade que oprime e restringe
O que a língua unifica.
Laivo negro preso num verso em branco,
Opróbrio anelante numa página branca.

Será mais poderoso a palavra impressa,
Ou a página branca pungente e perversa?

Uma harmonia impetuosa, revolta em saudades etéreas...
Imagens lúcidas resguardadas, irrompem
E dissipam o silêncio...
Os segredos assomam-se neste mundo
Que regozija de lúgubres murmúrios...

O véu deambulatório não permite o olhar
Para além de um frágil e tímido horizonte
Restringido por palavras desmesuradas.

Delmar, del Sol desemaranhado das palavras sentidas e agouros,
Canta e grita até que o verso se confunda com o sopro do vento
E agite e aclame a tua voz...

O teu verso transpõe a debil barreira que o mundo austenta.
A tua imaginação cria o poema,
Revelando a essência exaltada pela ambição de uma cor que não existe!
Haverá cor para a dor, para a superioridade, para o escravo, para o olhar de soslaio...

Perpetua sempre o eterno numa estrofe límpida e perfeita
O sonho convicto da esperança guardada algures na tua mão.
Jamais ilusório, amanhecerá no teu rosto, irmão,
E espalhará a quem o quiser sentir, reflectir ou simplesmente ouvir
De mãos dadas irmãos de sangue...

Não sou ninguém, não és ninguém
Ambos pertencemos ao mesmo mundo, o do além...
Desembaraçado de fronteiras e cores...

Deixa-me o apanásio de poder honrar-te,
Apraz-me dizer-te, que do Mar ou do Sol
Hás de sempre erguer-te...

A Liberdade está dentro de ti,
Presa a cada palavra que a emoção transcreve pelo teu olhar...
Delmar Maia Gonçalves, poeta, amigo, irmão...


Valter Pereira (Poeta, Escritor e Professor do Ensino Básico)
nota introdutória ao livro "Entre dois rios com margens" (no prelo)

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