segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Moçambiquizando


Pelo Mil Folhas (edição de 06/06/06), suplemento do Público, soube da publicação de Moçambiquizando, um livro de poemas de Delmar Maia Gonçalves.

O livro terá sido apresentado ontem (06/05/11, pelas 18.30 horas) na FNAC do Chiado, em Lisboa, por Guilherme de Melo e Jorge Viegas.

Não conheço o autor e o livro ainda não apareceu nos expositores da Bertrand, em Santarém – que, por razões de proximidade, é a livraria que mais frequento. Mas sei quem são o Guilherme de Melo e o Jorge Viegas.

Para a generalidade dos militares que prestaram serviço em Moçambique, Guilherme de Melo é (será) sobretudo o responsável pelo suplemento “Coluna em Marcha”, do Notícias, de Lourenço Marques. Jorge Viegas, nascido e crescido na Zambézia, autor de “O Núcleo Tenaz”, será um desconhecido.

Se o autor (e o Mia Couto) me perdoar a ousadia, é assim que se moçambiquisa: moçambiquizando…

Sem Camuflado
In Blogue "Nós, do Comando"
http://comando-de-agrupamento.blogspot.com/2006/05/moambiquizando.html

Per il Mozambico si potrebbe segnalare anche il poeta Delmar Maia Gonçalves che affronta anche la problematica del meticciato. La sua ultima opera si intitola Moçambiquizando.


Un saluto
Piero


In Blogue "Precario"
http://dottora-bayard.splinder.com/

Correndo os olhos (estou sentado a olhar para eles)… que mais? sei que alguns Fernando Grade e que não conhecia, uns comprados e outros oferecidos pelo barbudo mais famoso de Portugal, poesia em capa própria e nos eternos ‘Viola Delta’, mais uma recolha de crónicas dos tempos do jornal ‘Record’; também li amigos e outros amigos-ainda-desconhecidos que entraram no nº 3 dos Cadernos Moçambicanos Manguana, onde eu também juntei umas coisas; dum deles, do Delmar Maia Gonçalves, refiro além da tal edição colectiva o seu ‘livro de mangusso’, Afrozambeziando Ninfas e Deusas, e para a semana lança outro, ele não pára!

In Blogue "O Vazio"
http://nunaweb.blogspot.com

Carlos Gil (Escritor Luso-Moçambicano)

domingo, 15 de novembro de 2009

Labirinto de Espelhos - Estudo da Obra

A obra publicada em livro (20 autores) causou-me uma bela impressão.
Pode-se dizer que esta obra, labirinto de espelhos nos dá uma mostra da mais nova poesia portuguesa numa amostragem. A tradição e a modernidade se fundem e nos oferecem diferentes
visões de imagens, visões de vida e sobre a literatura através de autores com diversas tendências e de diferentes gerações.
Jovens poetas, poetas maduros possuindo um domínio total de seu instrumento seja em contos seja em poesias, que desafiam concepções platônicas e aristotélicas de se ver a arte, um verdadeiro habemus spirita capaces e sendo o suficiente para que me debruçasse com prazer em ler esta obra.
Aqui, ao meu juízo expresso alguns autores que integram o livro e nos quais me agradaram integralmente com suas composições:


DELMAR MAIA GONÇALVES
PEDRO FERREIRA
LUIS TELÉSFORO
MARIA DOLORES PITEIRA
ISABEL ROMANO COLAÇO
ISABEL VALENTINO
IRONDINA VIEGAS
JOSÉ BRANQUINHO
PEDRO LOPES
DAVID SANTOS


Os demais autores não citados aqui também possuem obras com valor literário e com distinção, porém não atingem nas suas obras expostas uma regularidade tão monolítica que os acima citados.
Sobre os autores que citei acima posso falar um pouco sobre alguns; Delmar Maia  Gonçalves é um autor que
integra a seção dos contos da referida obra põe grande maestria nas palavras. Escreve na temática africanista com muita imagem, colorido e enredo, um grande sabedor da realidade africana, porém porque pertenceu a essa realidade.
Pedro Ferreira, autor jovem, com poemas modernos bem modulados e profundos em que o último poema dele causou-me uma grande impressão literária. Luís Telésforo, com a clássica forma do soneto e tradicionalíssimo na forma, singular em expressão a perpassar vibrações fortes no seu acorde poético.
Maria Dolores Piteira, Isabel (Colaço), Isabel Valentino e Irondina Viegas forma um quarteto indispensável no livro. Com poemas de grande subjetividade em poemas de intensa sugestão, o eu-lírico é cantado com louvor formam o ponto alto da obra, tais obras lembram um quarteto significativo do luso-poemas (Vanda Povoa, Rosa Maria Anselmo, e as brasileiras Ângela Lugo e Edileia Silva Santos).
No remate, outros três expressivos autores. José Branquinho, perfeito no soneto e a passar muito talento verbo-emocional (equivalente a grandes sonetistas do luso-poemas) , Pedro Lopes, numa feliz escola de poemas para publicação (todos bons), peças escolhidas de seus livros Plenitude do sentir e Reminiscência de infinito sentir) e finalizando com o notável autor David Santos forma essa lista, que ao meu ver faz valer a pena ter na biblioteca essa singular obra.


Muito obrigado pela atenção dispensada.


Cordiais saudações a todos
Claudio Godi.
In "Coluna de Godi" www.luso-poemas.com

domingo, 25 de outubro de 2009

Moçambiquizando… Logo eu?


Em Moçambique entra-se pelo Índico… disse-me há dias um homem de olhos cor de pátria antiga, percorrido por pérolas de vegetação nas palavras sérias…
Eu disse-lhe, assim calado como um pássaro sentado aos pés de uma pedra, que costumo entrar pelo ar dentro das pessoas, indo com elas em barcaças frágeis, digo que isso são afectos ou talvez quem sabe é apenas uma arte, a de respirar?... Entrei em Moçambique disse eu com o meu ar de pedra aos pés de uma ave, pelos olhos do Delmar, o poeta, aquele que ali está, Kanimambo vida que mo trouxe aos meus sentidos…
Eu que já estive em África, que tenho uma irmã que nasceu em África, sei tão pouco, nada de África… O que sei de Moçambique? Que me disseram para nele entrar pelo Índico e eu estou nele pelo sentir, que tem uma das campanhas mais bonitas de que já ouvi falar, aquela de transformar armas em enxadas (ai quem me dera que no meu país as armas não estivessem apontadas e as enxadas dessem o pão e o pão dos poemas fosse a nossa enxada, a nossa arma…).
E de repente, aqui me põe, as nuvens à cabeça, escrevendo sobre um livro que tem África no sangue brando… Depois, descubro com facilidade: isto tem a ver comigo… A poesia é mestiça, pois não há palavra negra nem vocábulo branco, nem se faz de cores primárias as palavras almas dos poetas… Depois há esta doçura de falar poetizando, no poetiz Delmar – o mesmo que quando me fala parece dizer: olha que tenho medo de dar um grito abafado - ; e ao mesmo tempo, há uma estonteante e sábia crítica, uma agressividade que nunca comete agressão, uma exaltação que nunca é raiva, uma apreciação que é mais discernimento, uma pátria a bulir por dentro que não contém uma só fronteira…
A poesia é mestiça, irmã! Vê bem o que é isto, irmão, olha o poema que é de cor em cor! Não quero falar do livro, lá dentro o livro que nos ficará cá dentro, sou como os makondes que sabem que sabem que havendo uma aura de mistério e segredo rodeando a preparação das máscaras e a dança propriamente dita, sendo por exemplo importante que não se saiba a identidade do dançarino, todos querem ficar para descobrir. Oxalá que sejam muitos os que querem ficar nestes poemas, com estes poemas. E que fique eu calado como um pássaro sentado aos pés de uma pedra, a entrar pelo ar dentro das pessoas, para que seja o poemas a ouvir-se e não o amigo que aqui o apresenta…


Prefácio do livro Moçambiquizando, Editorial Minerva, Lisboa, Março de 2006.
Alexandre Honrado
(Escritor e Historiador Português)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Sinopse Biobibliográfica - Leituras em Diagonal

1. Uma das formas de caracterizar o Delmar seria a de apelidá-lo de adido cultural itinerante do seu país natal, Moçambique. Porque ele, para além do que escreve, é um divulgador extremamente operativo da poesia moçambicana (e não só) em livrarias e noutros espaços culturais de Lisboa, como declamador.
O Delmar tem o hábito de datar os seus poemas e neles apor a indicação expressa da localidade onde foram escritos. Os poemas que estão a ser compulsados por mim foram todos escritos em Portugal nos lugares de Lisboa, Parede, Monte Estoril, Algés, Paço de Arcos, com excepção de um, o qual tem a indicação da cidade de Maputo.
Nalguns dos poemas, que eu entendo ser os menos conseguidos, o autor funciona como o eco da ideologia veiculada pelos comissários políticos da revolução que ocorreu no seu país: "Na minha pátria/ não há pretos nem brancos, / há moçambicanos! / Na minha pátria / não há mulatos nem monhés/ há moçambicanos!/ E moçambicano/ é aquele que / sente o pulsar da / pátria/ Moçambicano / é aquele que a vive."
Mas a poesia do Delmar evoluí qualitativamente quando ele sonha com o passado da sua terra e das suas gentes, cuja memória está terrivelmente marcada por um sofrimento que excede o imaginável, e parece pesar de forma asfixiante sobre o futuro: "Estava sonhando um sonho triste / dormindo em minha cama. / Via os ancestrais/ gritando levados da imensa África/ Via os ancestrais / chorando feitos escravos. / Via os ancestrais / chorando familiares separados. / Via os ancestrais / chorando futuro incerto."

2. Conturbado pelas grandes angústias e pelos grandes medos que se abateram sobre os seus antepassados o poeta abandona o casulo da sua singularidade subjectiva e assume-se como sendo a voz inadiável daqueles a quem em vida foi negado o direito de ser e de dizer: "Não sou mais eu/ quem grita de raiva por todas aquelas injustiças cometidas/ no passado." - "Não sou mais eu / quem chora os exílios forçados no presente." - "Sou apenas e só um porta-voz involuntário/ de uma situação que se gerou."
E a incerteza do futuro tem uma das suas raízes na presença ou na ausência de algumas aves de taciturno aspecto: "Mau agoiro/ aquele que/ os Corvos/ trazem com a sua/ anunciada presença./ Bom agoiro/ aquele em que/ se anuncia a ausência dos Corvos." o que escapa ao nosso entendimento são as razões que levaram o poeta a escrever corvos com maiúscula.
Dois dos poemas do Delmar, sob os títulos de "Vida morreu em Nicoadala" e "O rosto da morte em Namacurra" encontram-se ligados por dois pontos comuns.
O primeiro deve-se ao facto de as localidades de Namacurra e Nicoadala se situarem a escassa distância no interior da província da Zambézia, província esta donde o Delmar é originário.
O segundo ponto comum é que os poemas têm como tema a morte, mas sem a presença efectiva dos que morreram: "O dia está calmo. Nem chove, nem chuvisca. / Está sol, / um sol que queima. / Os campos estão secos, / o capim é dono da terra./ Não se vislumbram homens, / nem pássaros, nem frutos./ Não se vislumbra vida. /Reina o silêncio, / um silêncio de morte. / Em Nicoadala / o tempo parou/ e a vida morreu." E não é só a natureza e a suas obras que morreram. Também as máquinas criadas pelo homem sossobram irremedialvelmente: "Em Namacurra um avião/ que não tinha asas/ e um carro sem rodas. / Ambos tentaram / sobreviver./ Mas em vão!/ Abraçaram/ a morte/ infalivelmente."
Falar, sem alarde, da morte das cousas naturais e das máquinas, é um artifício pelo qual o autor nos alerta para a morte massiva dos homens, mulheres e crianças, ao mesmo tempo joguetes e vítimas inocentes dos interesses obscuros dos que entendem ser os amos da terra.
Num outro poema, e como que à maneira de Martin Luther King, o poeta sonha com desígnios de Deus, independentemente das divisões que se albergam no mais fundo do coração do homem: "Tive um sonho/ em que o Muçulmano, / rezava com o Católico,/ o Sikh com o Muçulmano" - "o Católico com o Judeu, /e todas juntos com Deus."
Tendo em conta a minha condição de pessimista inveterado julgo que "O futuro que não chegou" sonhado nesse poema do Delmar nunca chegará. O ecumenismo será sempre um ideal a atingir, mas dificilmente sairá do campo das boas intenções, porque serão sempre poucos os homens capazes de se libertarem dos seus códigos interiores no sentido de tolerarem os dos outros.

3. Confrangido pelo desacerto das relações humanas o poeta idealiza a possibilidade de conversar muito terra-a-terra com Nosso Senhor Jesus Cristo, e apresentar-Lhe algumas perguntas para as quais não encontra resposta:"Perguntarei ao "Cristo"/ porque será que/ sendo judeu, / o amam tanto, /odiando os outros judeus, Perguntarei ao Cristo/ porque odeiam tanto / o homem negro,/ os homens do norte." Perguntas estas que não teriam razão de ser caso os homens tivessem interiorizado as virtudes da humildade, do amor e da compaixão exaltadas na mensagem de Jesus Cristo.
Moçambicano na diáspora o Delmar transporta amorosamente na sua memória as imagens de um tempo africano, "Em sonhos nostálgicos/ revejo mofanas e adultos/ semi-nus e descalços percorrendo/ a Zalala", e essas imagens são tão fortes e imprevistas que fazem parte integrante do seu ser:"Moçambique/ tu danças em mim/ e eu em ti./ Não te esqueças/ Moçambique:/ eu sou tu/ e tu és eu!".
São ainda de referir as poesias que têm como temas ciclos históricos já encerrados. A primeira intitulada de "Lembrar Timor", rememora o morticínio do povo timorense na sua luta pela liberdade: " Terra de esperança/ chamada desespero./ Terra mártir/ de povo humilhado."
A segunda evoca Samora Machel, a figura central e emblemática da revolução moçambicana, e primeiro presidente do país: "O rosto/ uma expressão viva de esperança./ As mãos/ sinónimo de vitalidade. / O corpo / sinónimo de espontaneidade. / A voz / um ecoar de vozes adormecidas." Os versos relativos às mãos de Samora condizem com a opinião do jornalista Carlos Cardoso que sobre as mesmas escreveu: "As suas mãos nunca paravam. Ficavam gravadas nas mentes das pessoas através dos contacto pessoal, das fotografias nos jornais, em filmes, e através de reuniões e comícios".

In Antologia "Inquietação", Editorial Minerva, Lisboa, 2006.
Jorge Viegas
(Poeta e Escritor Moçambicano)
Quinta do Conde, 2006.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

À Guisa de apresentação

Os textos de Delmar Gonçalves, presentes nesta antologia ("Verbum" da Editorial Minerva), deixam ver alguém preocupado com o seu semelhante, com as injustiças deste mundo que é o nosso, com o sofrimento dos irmãos, sejam eles quem forem, estejam eles em que hemisfério estiverem.
A solidariedade com o povo que sofre(u) os horrores de uma luta pela sobrevivência, pela integridade, pela independência e pelo direito a existir enquanto nação-mátria, fazem-nos reconhecer que, estejamos em que latitude estivermos, poderemos ser sempre um elo de ligação, um ancoradouro, uma ilha de tranquilidade.
Delmar revela, de uma forma pensada/sentida, frontal e emocionada, o dilema de alguém que busca a sua identidade, que sofre a dicotomia do negro e do branco, de alguém que tenta aproximar-se de um dos pólos mas que se sente rejeitado e/ou inconformado.
Nem sempre as escolhas são fáceis, nem sempre são aquelas que parecem mais coerentes, mas, muitas vezes, são as possíveis, fruto de uma série de contingências e circunstâncias. Delmar adia o seu regresso a Moçambique, porque outras amarras o sustêm, outras "terras" o acolheram e prenderam.
Apesar de em cada dia sonhar com o regresso, este vai sendo empurrado ad eternum.
Com os seus textos, Delmar faz-nos (re)pensar a nossa própria existência, os nossos valores, as nossas prioridades, com uma linguagem simples (como ele próprio), mas muito emotiva; consegue transmitir vivências diferentes, despertar sentimentos (às vezes adormecidos), colorir os nossos espaços, dar sentido a (alguns) nossos pensamentos.



In Antologia "Verbum" - Editorial Minerva, Lisboa, 2004.
Paula Ferraz
(Professora de Língua Portuguesa)
Paço de Arcos, Fevereiro 2004.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

E tu és tu.
A união perfeita
Entre dois Povos.
E tu és tu.
O equilíbrio perfeito
Entre duas Culturas.
Adorei este livro ("Mestiço de Corpo Inteiro") e a forma como o autor conseguiu transpôr os seus ideais para a poesia, desmascarando um conflito silencioso através de um original grito contestatário.
Vera Novo Fornelos
(Poetisa e Artista Plástica)
Viana do Castelo, 14 de Agosto de 2007.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Para o sobrinho DelmarGonçalves, o poeta da casa.

Quem me dera
Quem me dera
Poder ser eu pessoalmente
A colocar no teu braço este presente
Os mares e a distância, que nos
Separaram na tua infância
Deverão ser um marco sólido
Para fortificar a nossa amizade.

Saudades,

Stella Azevedo
(Tia do Autor)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Moçambique Novo, O Enigma

Há dias tive o prazer de receber das mãos do próprio autor, Delmar Maia Gonçalves, este livro de poemas* que canta os seus problemas pessoais sem esquecer a sua principal raiz: Ser um Homem de Moçambique.
E nesta colectânea de poemas seus uma vertente é fortemente abordada: a questão da mesticidade.
Tudo isto vem ao sabor de uma questão que se levantou no último artigo que escrevi para o Angonotícias: a da angolanidade e quem é ou pode clamar de Angolano.
Por causa disso tomo a liberdade de "roubar" um dos poemas de Delmar Gonçalves sob o título "Mestiçagem".

Eugénio Almeida
(Escritor, Académico e Investigador Angolano)
In pululu.blogspot.com
Lisboa, 17 de Outubro de 2005

domingo, 13 de setembro de 2009

É Preciso Plantar

É preciso plantar
mamã
é preciso plantar

é preciso plantar
nas estrelas
e sobre o mar

nos teus pés nus
e pelos caminhos

é preciso plantar

nas esperanças proibidas
e sobre as nossas mãos abertas

na noite presente
e no futuro a criar

por toda a parte
mamã
é preciso plantar
(...)


Um abraço amigo e que juntos continuemos a obra da construção de um futuro popular.
A Luta Continua!


Marcelino dos Santos
(Antigo Presidente da Assembleia Nacional Popular de Moçambique, Fundador da Frelimo e Poeta)
Lisboa, 28 de Julho de 2007.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Discurso Integral de Lívio de Morais

Discurso Integral de Lívio de Morais na apresentação do livro "Moçambique Novo, o Enigma" , no Palácio Galveias

Permitam-me que tome a palavra "Ex-professo" (como quem conhece a fundo a questão), na qualidade de privilegiado que sou:

1º Porque Delmar e eu próprio, somos naturais da mesma província de Moçambique, a Zambézia.

2º Delmar Maia Gonçalves é meu afilhado muito amado.

3º Esta publicação tem o apoio simbólico do Centro Cultural Luso-Moçambicano, de que sou fundador, e que Delmar Maia Gonçalves é membro fundador desde o 1º dia.

Apresento-me aqui, expressamente convidado pelo autor como autor da imagem da capa deste livro. Também creio que o Delmar convidou-me para estar nesta mesa, pela experiência de eu ter editado três livros e, na qualidade de presidente duma associação moçambicana, o Centro Cultural Luso-Moçambicano que apoiou o livro.

Epicuro disse: " Ex nhilo nihil" ou seja, de nada, nada, precisamente o que um dia disse Lavoisier: Nada se perde, tudo se transforma na natureza.

De facto, criador absoluto é unicamente Deus, e toda a criatura transforma esse manancial do universo criado.

Esta obra de Delmar Maia Gonçalves, faz parte desse universo recriado, fruto da imaginação criadora.

A obra: Moçambique Novo: O Enigma, não passa pela afirmação de Tertuliano que disse "Credo, quia absurdo" ou seja, acredito porque é absurdo.

De facto, Delmar Maia Gonçalves corajosamente afirma "sponta sua", isto é, por iniciativa própria, Moçambique Novo, O Enigma, porque de facto a África é um enigma com os seus mitos e ritos ancestrais que o Ocidente não foi capaz de decifrar em 500 anos de domínio.

Por isso mesmo a escritora Noémia de Sousa continua a dizer:
"Se me quiseres conhecer,
Estuda com olhos de ver
Esse pedaço de pau-preto
Que um desconhecido irmão maconde
De mãos inspiradas
Talhou e trabalhou
Em terras distantes lá no Norte.

Ah, essa sou eu..."

Esta obra poética de Delmar Maia Gonçalves, é também esse pedaço de pau preto.

Ler estes poemas, é aceitar o convite para conhecer Moçambique Novo caracterizado de toda a carga de consequências do tempo colonial e dos trinta anos de independência que estamos a celebrar neste mês de Junho.

"A vol d'oiseau" (a voo de pássaro ou muito por alto), dir-se-ia Moçambique Novo é realmente novo, porque é independente: Pedra a Pedra vai construindo o novo dia, graças a milhões de braços concentrados numa só força, gritando: nenhum tirano nos irá escravizar.

Esta obra poética foi fruto de audácia do autor, no dizer de Virgílio em Eneida X, 284: "audaces fortuna juvat".

Com efeito, Delmar Maia Gonçalves colhe os frutos maduros da sua audácia de tal forma que a dois dias do glorioso dia do 30º aniversário da Independência de Moçambique lança a sua obra.

E, se considerarmos a situação de Delmar como jovem de 36 anos, no ensino, não ignoramos todas as dificuldades e circunstâncias da gestação desta publicação, ou seja, o quis (quem), quid (quê), ubi (onde), quibus auxilium (por que meios), cur (porque), comodo (como) e quando (quando)."

Também importa recuarmos no tempo até 5 de Julho de 1969, e tentarmos associar esta data com curiosas circunstâncias.

Em 1969 foi Prémio Nobel da Literatura o Poeta, Romancista e Dramaturgo Irlandês, Samuel Beckett (1906-1989), pai do teatro do absurdo, autor da peça "En Attendant Godot" (À Espera de Godot). Escritor com estilo de ironia amarga: foca contraste entre a esperança e a realidade.

Em 1969 a 7 de Julho, dá-se a catástrofe do Biafra com milhões de vítimas.

Em 1969 a 9 de Julho, Ernesto Che Guevara é preso e abatido.

Em 1969 a 3 de Dezembro, Dr. Christian Barnard efectua na Cidade do Cabo o 1º transplante cardíaco num humano.

Queiramos ou não 1969, internacionalmente é um marco que parece não estar despercebido por Delmar Maia Gonçalves, como ano natalício.

Finalmente, vou fazer especial referência aos poemas: mas queria lamentar o facto de só esta semana ser possível conhecer o extracto do livro.

Foram-me entregues 16 fotocópias com poemas do livro, logicamente não posso e nem devo fazer uma crítica do livro como desejava.

De qualquer forma, tive a capacidade de entre as 16 fotocópias seleccionar 3 poemas, que passo a comentar:

1- Em NÃO SOU MAIS EU... poema de 2003, o autor como que João Baptista a pregar no deserto identifica-se porta-voz involuntário de uma situação que se gerou e acusa: "injustiças cometidas no passado, perdas ancestrais e pequenas vitórias alcançadas na vida." O autor não identifica o responsável, nem se identifica como sendo o acusador, apenas, diz:"Não sou mais eu..."

A título comparativo reportemo-nos a obra de Fernando Pessoa, e encontramos em "Eu Fragmento" a mesma atitude de enigma:

"Não sei quantas almas tenho
Cada momento mudei
Continuamente me estranho
Nunca me vi, nem achei.

Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade
Não sei com que sinceridade falo.

Meu Deus, meu Deus, a quem assisto?
Quantos sou? Quem é eu?
O que é este intervalo
Entre mim e mim?"

2 - Em URGÊNCIA DAS PAZ PERPÉTUA, poema de 1988, o autor assume a filosofia espiritual de São Francisco de Assis, como mensageiro da harmonia, paz e concórdia.

3 - Em SONHO DE UM FUTURO QUE NÃO CHEGOU de 2001, o autor parafraseando o discurso de 28 de Agosto de 1963 proferido por Martin Luther King, Prémio Nobel da Paz: "I have a dream...", Delmar Maia Gonçalves, também revela-nos o seu universo irreal. Um sonho enigmático como Moçambique Novo:

"...

Tive um sonho
Em que os homens
Eram eleitos
Pelo seu valor e integridade.

Tive um sonho
Em que os desertos
Se tornaram férteis
Repletos de oásis.

Tive um sonho em que a realidade
De hoje se tornou
Um horror
E a utopia do futuro
Se tornou realidade.

Tive um sonho
Em que as fronteiras
Humanas
Se transformaram
Em infinitos rios
De arco-iris sem igual".

Mestre Lívio de Morais
(Artista Plástico e Professor de História de Arte)
Palácio Galveias/Lisboa, 23 de Junho de 2005.

Novo Encontro com Delmar



Amigos da poesia, dos livros e do Delmar Gonçalves reuniram-se na Livraria Mabooki (Lisboa) para conhecer o recente trabalho deste jovem autor moçambicano.
Von Trina, em representação da Editora, falou do livro enquanto produto, mas produto editorial e produto poético.
Jorge Viegas, Isabel carreira, Filipa e Von Trina leram alguns poemas para que o público pudesse encontrar-se com as palavras e as musicalidades.
No final, o autor falou de si e das motivações que o conduziram a juntar os seus poemas e a publica-los agora e sob o título “Moçambique Novo, o Enigma”.
Paula Ferraz, que prefaciou o livro, fez a apresentação:
“Caros Amigos,
Numa primeira leitura, uma leitura mais superficial, os poemas do Delmar podem considerar-se como meros exercícios poéticos sobre situações, circunstâncias ou factos vividos ou testemunhados pelo próprio.
Todavia, quando numa atitude mais atenta, nos concentramos neste livro, percebemos que a linguagem simples, visual, plasticizante, nos transporta para dramas, não (só) pessoais, mas acima de tudo, de todos nós. Porque como diz Mia Couto, “o mais importante não é o conteúdo literário, mas a forma como ele nos comove e ensina a entender não através do raciocínio, mas do sentimento”.
Num mundo global e globalizante, cada vez mais, cada um de nós se preocupa com o seu próprio umbigo, embora esteja sempre na primeira fila para apoiar campanhas de solidariedade, projectos de paz, campanhas de defesa dos Direito Humanos, etc., etc. No entanto, essas situações passam também e , dão, por vezes, lugar a outros sentimentos menos nobres.
Num dos recentes livros de Mia Couto pode ler-se “a poesia é um outro modo de pensar que está para além da lógica que a escola e o mundo moderno nos ensinam. É uma outra janela que se abre para estrearmos outro olhar sobre as coisas e as criaturas. Sem a arrogância de as tentarmos entender. Apenas com a ilusória tentativa de nos tornarmos irmãos do Universo”.
Nos poemas de Delmar, percebemos o quanto ele se preocupa com os outros, sejam seus irmãos de Moçambique, de Cabinda ou de Timor, da Palestina ou do Tibete, de Israel ou do Congo, da Serra Leoa ou do Afeganistão, da Colômbia ou do Iraque, da Libéria ou do Uganda, sejam as crianças, os heróis ou os amigos, mais ou menos anónimos.
Quando alguém nasce num país como Moçambique, nasce diferente, com uma alma diferente, redimensionando o Universo de outras formas.
É o marulhar do Índico que nos encanta, que se enlaça nas várias vozes que nos sussurram nestes poemas, que nos sibilam cantos de esperança, mesmo nos momentos mais difíceis, que nos dão lições de vida mesmo onde a morte espreita em muitos cantos.
É o cheiro da terra, que nos embriaga, que nos agarra, que nos fascina, que nos interpela.
O próprio título coloca-nos algumas questões, apresenta-nos algumas linhas de leitura. Através deste Moçambique Novo desembocamos num Enigma, que nos ajuda a questionarmo-nos, a conhecermo-nos a nós próprios: não se deve desdenhar a geografia, as viagens reais, mas a viagem mais importante será a viagem interior, ao universo dos nossos sentimentos.
Os poemas do Delmar estão urdidos numa linguagem simples, que todos entendem que fazem reflectir, embora tenhamos que reconhecer que qualquer forma de linguagem é muito pobre comparada com a complexidade das coisas que nos envolvem.
Camões, um dia, pediu à Tágides que lhe dessem um novo alento, uma nova inspiração para fazer um canto que mostrasse a grandiosidade dos feitos dos portugueses, embora conclua “se tão sublime preço cabe em verso”, isto é, dificilmente se podem reduzir os feitos de um povo a palavras, por melhores que elas sejam.
O Delmar apresenta temas simples mas profundos, aparentemente comezinhos mas fortes e as palavras escolhidas ao sabor da emoção, da consciencialização dos problemas que o cercam, vão tentando dar-nos todos os cambiantes da consciência humana, que são mais vastos que uma floresta tropical. Alguém um dia escreveu que o que acontece em dez minutos é algo que excede todo o vocabulário de Shakespeare. Delmar tenta, pelo pulsar da sua sensibilidade, guiar-nos até à resposta de um enigma, construir através das suas palavras, caminhos com sentidos diversos mas que desembocam num mundo outro que é o de todos nós.
Que cada um possa deliciar-se a ouvir o canto do xirico, e ganhar asas de sonho ou nostalgia, de liberdade ou de paz.
Que cada um possa saborear estes versos, encantar-se com estas histórias, sorrir com as pequenas brincadeiras de linguagem.
Que cada um possa encontrar o caminho da descoberta, de si e do mundo, dos problemas e das soluções, das tristezas e das alegrias.
Convido-vos a encetar esta viagem poética sempre embalados pela musicalidade das palavras do Delmar, para que possamos vir a ser companheiro de viagem e encontro de e com todas as criaturas que connosco partilham o Universo”.

Ana Luena
In www.africamente.com

sábado, 22 de agosto de 2009


Cartaz para o evento
"Traz um amigo também..."
No Chapitô em Lisboa
"Mas é doce morrer nesse mar de lembrar
e nunca esquecer
Se eu tivesse mais alma para dar, eu daria
Isso pra mim é viver"
Djavan

Um Pensamento Solar para Moçambique

Pensar que um país se reduz às suas fronteiras naturais e geográficas, torna-se nos dias que correm, um pensamento sufocante, superficial e pouco verdadeiro. Nos gestos escritos que esculpem memórias, vivências deixadas no país de origem, os nomes das paisagens que não se esquecem, os rostos que habitam as nossas identidades, emerge a força que as palavras possuem e rasgam no papel, divisões e distâncias. Os "Cadernos Moçambicanos Manguana" são a prova de que Moçambique renasce e se elasticiza, para além de uma história que nos diz desta terra como só existindo no continente africano. Mas, esta estória é falsa, e parcial. Ao caminhar ao longo de cada poema, de cada texto de que género seja, compilados neste recanto de vozes humanas, escutam-se os acordes de maturação, reflexão, e encanto que pensam Moçambique.
Aos que optaram por ficar, não obstante, os tempos turbulentos do pós-independência, deixa-se sempre uma recordação do antigamente, do que era e já não é. Para aqueles cujas opções de vida abriram portas para uma saída, para a escola da diáspora, e para o exílio nostálgico da solidez da terra natal, fica a espiritualidade, o desassossego, a enorme vontade de erguer pontes de diálogo, compreensão, ternuras e solidariedades.
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É neste tecitura de gestos sólidos, de escritas que tecem coreografias sobre narrativas de vida e de identidade, que os "Cadernos Moçambicanos" exercem o seu maior papel, trazer para a luz do dia, para o terreno da pele mais nobre e humana, que Moçambique vive e pulsa em cada sentir, em cada olhar, em cada sonho que erguemos ao despertarmos para um novo dia de afazeres e desafios. Enfim, fazer aquilo que o Mais-Velho Craveirinha, hoje, se estivesse vivo, embevecidamente observaria, que a Nação que ele, poeticamente, sonhou, é maior que o Rovuma e o Maputo juntos.


Sheila Khan, uma moçambicana na diáspora
Knutsford, 19 de Outubro de 2006.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Delmar,

Parabéns! Um escritor como tu fazia falta na web.

Um abraço,


Ângelo Rodrigues
(Escritor, Poeta, Filósofo, Professor, Artista Plástico e Director Literário da Editorial Minerva)
Lisboa, 2007

quarta-feira, 19 de agosto de 2009



Cartaz para o Recital
"Mestiçando com Arte"
No Restaurante Aquarela do Brasil em Paço de Arcos

Vera Novo Fornelos
(Poetisa e Artista Plástica)
Parede, Julho de 2009.

sábado, 15 de agosto de 2009

“Hmm, seems that you are on the verge of romanticized poetry….Reminds me of Gusmao….”

who is Gusmao? a poet? I know many but haven’t heard or read about this one. The one’s i most appreciate are Delmar Maia Gonçalves, a mozambican poet who seems to worship women as if they were Goddesses, even went to the point of dedicating a book to them. And the Other one is Fernando Pessoa, and his heteronyms, the man who ‘fealt’ with his head, he believed that poets had to refrain from using personal feelings or emotions as driving forces behind their work. it was the audience that had to feel something from the coherent texts they wrote.

“Don’t envy my temporal tyranny, you may be fond of gazing at me because of my morning maiden beauty but I assure you will ignore me when i turned to be the crone of the evening one day”

the most beautiful thing in the world, besides the birth of a child(although i might pass out while watching it, anyways it’s life happening, so it’s bound to be beautiful), is growing old with the person you love.
If i loved a woman and if we got married i’d always see her as the morning maiden beauty that we where when we first met. and besides growing old is part of life.


Blood Dancer
In http://www.factpile.com/taki-vs-diana-vs-kitana
3 de Agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Prezado Delmar Gonçalves,

Sou um poeta brasileiro. Descobri o seu blog, o seu email e o seu interesse ao literatura ao navegar pelo Blogspot.
Aí vai o meu endereço: http://poemargens.blogspot.com.
Quando puder, faça uma visita.

Abraços,

José António Cavalcanti
(Poeta, Contista e Professor)
Brasil, 20 de Maio de 2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O mestiço é a balança que equilibra e aproxima as diferenças entre dois povos com culturas diferentes. É o resultado de uma simbiose necessaria à evolução.





Vera Novo Fornelos

(Poetisa e Artista Plástica)

Viana do Castelo, 18 de Fevereiro de 2008

I Gala Kanimambo

Homenagem a antigos jogadores moçambicanos

A Câmara Municipal de Paços de Ferreira e a Casa de Moçambique em Portugal organizaram na passada quinta-feira a primeira edição da Gala Kanimambo e Jantar Moçambicano, onde foram presenteados antigos jogadores moçambicanos que representaram a selecção portuguesa no passado. O evento teve lugar na Casa do Campo, em Figueiró e iniciou por volta das 19h45.

Jogadores da selecção que ficou em terceiro lugar no Mundial de 1966, tais como, Vicente Lucas, Hilário da Conceição, Eusébio (não esteve presente por ser embaixador do Benfica e ter viajado com a equipa para Itália, para o jogo contra o Nápoles, da Taça UEFA), Ricardo Chibanga, Mário Coluna e Abdool Vakil (presidente da Comunidade Islâmica e do Banco Efisa) ganharam o prémio prestígio.

A homenagem a título póstumo coube a Matateu (recebeu Vicente Lucas, o qual protagonizou o momento mais alto da cerimónia. "Se ele estivesse vivo, estaria a agradecer-vos por este prémio", ressaltou, pedindo um minuto de silêncio em memória do jogador) e a Artur Meque (recebeu Jossias Filipe).

Também foram distinguidas com a homenagem Kanimambo algumas individualidades ligadas à cultura, economia e política, que, de algum modo, cooperaram para o crescimento da fraternidade entre Portugal e Moçambique: o Mestre Chichorro (recebeu Delmar Gonçalves); o membro do executivo e da Associação Empresarial, Abdool Vakil; TAP (recebeu Zaida Brook), Augusto Matine; Daode Faquira (ausente por se encontrar no banco de suplentes do Vitória de Setúbal no jogo contra o Heerenveen, da Holanda. Recebeu Augusto Matine) e Delmar Gonçalves.

A animação pertenceu a Genito e a Kalonga and The Ganza Farmer.

In Jornal Verdadeiro Olhar

Paços de Ferreira, 18 de Setembro de 2008.

Palestra Cadernos Moçambicanos Nº 3


Caros amigos



Em surpresa recebo um telefonema do amigo Delmar Maia Gonçalves convidando-me para fazer a apresentação do nº 3 dos CADERNOS MOÇAMBICANOS.


Eu? Porquê?


É evidente ser apreciador de literatura, de uma boa leitura, para a melhor abertura de espírito. Mas “crítico literário” não sou. Gosto ou não gosto e às vezes nem uma coisa nem outra: simplesmente não entendi. E por aí me fico.


Mas parece que a razão foi outra: a net e os blogs. Aí comecei a entender embora não ache razão suficiente.


Assim sendo aqui me encontro, não propriamente para uma crítica literária ao conteúdo deste Nº 3º dos CADERNOS MOÇAMBICANOS, o que ficará para cada um de vós, expressando eu apenas a minha alegria por partir de moçambicanos mais esta iniciativa.


Edição cuidada, já em forma de livro. Conteúdo agradável, textos ou poemas em sequência bem doseada, gostando ou entendendo uns mais ou melhor que outros.


Por tudo isto não vou comentar nenhum dos autores, alguns já com obra editada, mas falar um pouco da net e de como através dela conseguimos não só criar novos amigos, espalhados pelo mundo, mas levar até eles o que de melhor, e às vezes de pior, pode unir os homens ou mulheres deste mundo cada vez mais global.


Sabemos assim quase instantaneamente o que se passa em remotos lugares a milhares de quilómetros. Mas também conseguimos levar a todos , além de notícias, conhecimento. Conhecimento sem censura. Por isso usada para o melhor ou para o pior.


Reconhecendo no entanto que este “para o melhor ou pior” é relativo.


Estamos aqui naturais de lugares situados a milhares de quilómetros uns dos outros, com Bilhetes de Identidade que às vezes nada dizem quanto ao sentimento de nacionalidade que cada um apresenta. Mas há algo que nos une e aqui nos traz: a língua que falamos e em que comunicamos. E é assim que através dela nos entendemos, que trocamos ideias, que achamos confirmações às nossas dúvidas e partilhamos do que sabemos ou conhecemos. Não interessa agora a evolução histórica para que hoje existam vários países, dispersos por continentes, a falar português. Interessa apenas salientar que é por esse razão que se não diluíram os velhos laços de amizade nascidos nos territórios que já foram Portugal.


Mas não fora a internet, a sua manutenção seria difícil. E a aproximação e intensificação desse relacionamento também se não daria.


Não é a internet mais que um meio. Não um fim em si mesma.


E como fui eu parar à internet?


Em Fevereiro de 1995 estava arrumando umas quinquilharias e encontro duas caixas com muitas centenas de slides que trouxera de Moçambique. E pensei que quando me finasse aquele espólio seria metido a um canto ou até deitado ao lixo pois que meus filhos, não sendo propriamente imagens de família, por eles se não interessariam.


Já tinha ouvido falar da net mas nunca acedera a tal ferramenta. Com a ajuda de alguns amigos em Maio de 1995 tinha criado a minha primeira página na net a que dei o título de MACUA DA ILHA DE MOÇAMBIQUE, acrescentando alguns textos e depois algumas músicas, procurando que Moçambique fosse encontrado por esse mundo global.


Aprendendo e evoluindo consegui ter a página sobre Moçambique mais vista da net, recebendo contactos das mais variadas partes.


Foi em 2003 premiada por estar entre as 5% das páginas(sites) mais vistas no mundo, bem como pelo seu conteúdo, segundo um júri internacional. Mas o meu objectivo sempre foi colocar Moçambique no mundo.


Mas a página era de certa forma estática, tendo em 2004 criado o blog MOÇAMBIQUE PARA TODOS, como anexo ao MACUA DE MOÇAMBIQUE. Neste momento está com uma média de 1000 visitas diárias e já mais de 200 subscritores da sua newsletter diária. São notícias, comentários, vídeos e tudo o que mais consiga, essencialmente relacionado com Moçambique, procurando não esquecer o contexto em que as situações acontecem ou evoluem ou são influenciadas e aberta a todos os matizes políticos.


Felizmente que não sou único e nem fui o primeiro.


Hoje é fácil a qualquer pessoa ter um blog ou uma página. E é assim que uns fornecem os conteúdos e outros os digerem.


Mas é essencialmente por já hoje existirem alguns milhares de computadores ligados à net em Moçambique que a distância que deles nos separa a geografia se reduziu a alguns segundos.


São os grupos através do Yahoo ou MSN que se formam por localidades onde moraram ou escolas que frequentaram. São os grupos de interesse. Todos com residentes nos quatro cantos do mundo, como o Moçambique Online, com cerca de um milhar de inscritos, comunicando-se quase instantaneamente, quase diariamente.


E é através deste meio que os nossos povos (todos os que falam português), mais que os políticos, têm conseguido manter laços que de outra forma se perderiam ou seriam de difícil manutenção.


Criaram os políticos a CPLP e andam sempre inchados com a lusofonia em encontros, pouco mais que turísticos, de país para país, que fale português.


Mas importante é compreender que a construção da lusofonia não está nas mãos de um projecto integrador, nem de uma cartilha, nem de uma vanguarda política, nem dos seus profetas culturais.
As comunidades lusófonas formam uma rede entrosada de afectos, de objectivos políticos e de interesses e que se alimenta das liberdades das nações, das pessoas e das instituições.
Quem disse que a língua portuguesa foi "a melhor coisa que os portugueses nos deixaram" foi Amílcar Cabral, bem como outros dirigentes dos movimentos de independência, aliás ensinados em escolas cristãs baptistas anglófonas. Quem está contra a lusofonia não percebeu o mundo político da globalização; quem está a favor, está sempre a tempo de fazer qualquer coisa.


Ainda em 11 de Setembro passado Eduardo dos Santos afirmou:


“Devemos ter a coragem de assumir que a Língua Portuguesa, adoptada desde a nossa Independência como a oficial do país e que é hoje materna de mais de um terço dos cidadãos angolanos, se afirma tendencialmente como uma língua de dimensão nacional em Angola.”


E acrescentou:


“Isso não significa de maneira nenhuma, bem pelo contrário, que se deva alhear da preservação e constante valorização das diferentes Línguas Africanas de Angola, até aqui designadas de “línguas nacionais”, talvez indevidamente, pois quase nunca ultrapassam o âmbito regional e muitas das vezes se estendem para além das nossas fronteiras.”


Mas somos nós, assim o creio, que estamos a criar a verdadeira lusofonia. Até nem sei se será esta a melhor palavra para definir tudo o que nos une. E ninguém pode negar que é a partir de Lisboa que tal está a acontecer. Razões? As do coração, em essência. Políticos são políticos, mas povo somos nós.


E mais uma prova disso são estes CADERNOS CULTURAIS que agora lhes são apresentados.


Resta-me pois terminar, com os meus votos de sucesso ao CADERNOS MOÇAMBICANOS e aos seus promotores, pedindo desculpa pelo tempo que lhes roubei.


A todos os meu obrigado pela paciência que tiveram em me ouvir.




Fernando Gil


(Director do Website Macua)


Lisboa, 30 de Setembro de 2006

Ilustração:

"Cadernos Moçambicanos"

de Isabel Carreira

(Artista Plástica, Professora de Literatura Portuguesa e Inglesa e Mestre em Relações Interculturais)



CADERNOS MOÇAMBICANOS Nº 3

«A ideia de compilar estes 'Cadernos Moçambicanos', surgiu durante uma conversa com Jorge Viegas, na Embaixada de Moçambique, quando falávamos sobre a dificuldade que a maior parte dos escritores encontram para editar as suas primeiras obras», declarou ao Jornal Costa do Sol, Delmar Gonçalves, durante a apresentação dos Cadernos Moçambicanos Manguana 3 ".
«No início pensámos em coligir uma antologia de poetas moçambicanos, mas depois decidimos torná-la mais abrangente, editando autores de língua lusófona», acrescentou ainda o poeta que, nascido em Quelimane, habita há largos anos em Parede.
«Terceira etapa de uma caminhada que pretende ter continuidade» a antologia de poesia e prosa, que reúne trabalhos de autores moçambicanos, portugueses, angolanos e brasileiros, tem chancela da Sebenta.
A cerimónia decorrida no passado sábado, no auditório da Junta de Freguesia de São Domingos de Rana, incluiu a leitura de poemas e excertos de textos pelos seus autores, enquanto o director do site moçambicano Macua, Fernando Gil, apresentou os escritores, citando algumas notas biográficas.
Para além de Delmar Gonçalves, estiveram presentes, Jorge Viegas, Renato Graça, Carlos Gil, Jorge Chichorro Rodrigues, Manuel Matsinhe, Ana Loureiro, Nora Vilar, Luís Ferreira, Edmundo Verdades, Claudia Gomes, João Marafuga, Lúcia Lupenny Rodrigues, Maria José Peres, Paula Ferraz, Fernanda Maias, Maria Olga Santos e Penélope Rodrigues, assim como Filipa Gonçalves, a artista plástica responsável pela feitura da capa.
Registou-se ainda um momento musical, protagonizado por Dama Bete, tendo um "Porto de Honra", incentivado o convívio.

In JORNAL DA COSTA DO SOL – 05.10.2006

domingo, 2 de agosto de 2009

Delmar, que conto bacana... retratou bem o cotidiano q se repete e se repete... me lembrou o poema de Carlos Drummond: Cidadezinha Qualquer Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eita vida besta, meu Deus.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Excerto do relatório da Assembleia Geral da Associação de Estudantes da Escola Secundária da Parede (actual Fernando Lopes Graça)

(...) Assim, é importante que os futuros dirigentes associativos tenham presente que "para grandes males, grandes remédios" e que a palavra persistência pode ter cabimento, até no meio mais adverso. A Associação de Estudantes, exaltando o Vice-Presidente para a Cultura (Delmar Maia Gonçlaves), mereceu certamente o nosso melhor aplauso pelo ressurgimento de movimentação cultural nesta escola.

João Nunes
(Presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária da Parede)

Um activista por excelência

Delmar na escrita denuncia, por um lado, um Moçambique novo e por outro uma vontade gritante de dar sentido à mestiçagem. Faz parte de uma série de associações contra o racismo, de ajuda aos talentos moçambicanos, à imigração, entre outros.

A religião ocupa um lugar primordial e a procura pelo ecumenismo é um dos seus objectivos. Um escritor e um professor preocupado com as causas alheias e que transporta consigo o seu maior enigma, Moçambique.

Delmar Maia Gonçalves nasceu em Quelimane a 5 de Julho de 1969 e chegou a Portugal no final de 1985. A família, devido à guerra civil que se fazia sentir em Moçambique, apressou-se a vir, já que muitos familiares tinham sido recrutados. O pai, português, tentou criar condições para que todos saíssem do país natal do escritor, pelo menos durante os tempos difíceis.

A adaptação foi complicada «tinha uma vida boa com muitos amigos e até jogava futebol, quando cheguei aos 18 anos, tive de começar tudo de novo». Acabou o secundário e chegou a pensar em ser padre, chegou mesmo a fazer teologia, mas depois acabou por desistir, porém a religião continua a fazer parte da sua vida. Hoje em dia é escritor e professor do Primeiro Ciclo do Ensino Básico no Bairro Padre Cruz, para além de fazer parte de numerosas associações, todas elas com propósitos diferentes.

«Quando estava em Moçambique fazia parte da juventude moçambicana e quando cheguei tentei integrar-me e fi-lo através das associações» a primeira, da qual fez parte, foi a Casa Humana que é uma associação social e urbana onde o presidente achou que o escritor podia contribuir na área da imigração, através da sua experiência pessoal. Depois envolveu-se com a Resistência Timorense, quando «muitas pessoas já achavam que a causa estava perdida», criou boas relações inclusive com Roque Rodrigues, actual Secretário de Estado da Defesa de Timor e conseguiu mobilizar apoios, livros, faxes, telefones, etc.

No que respeita ao SOS Racismo, esta teve como ponto de partida a sua própria experiência pessoal. «Os professores repetiam que eu era moçambicano, pediam que eu partilhasse a minha experiência e elogiavam o meu trabalho e os meus colegas reagiam mal. Uma das vezes disseram-me para eu ir para a minha terra e isso marcou-me». A partir daí começou à procura de pessoas a quem já lhes tinha acontecido o mesmo e encontrou imensas, houve quem tivesse ouvido o mesmo tipo de provocação e o pior é que era um português.

Faz parte também de um Centro Cultural Luso-Moçambicano a convite de Lívio Morais, para divulgar a cultura moçambicana e vice-versa, porque «a percepção que antes se tinha dos moçambicanos que viviam cá é que eram antipatriotas, até que o Lívio foi lá mostrar o trabalho dos imigrantes».

No que respeita às questões religiosas, houve uma Federação Internacional Inter-Religiosa que o convidou para ser Embaixador da Paz onde «trabalhei para o ecumenismo porque isso é importante para a integração».

“Na minha Pátria/ não há pretos nem brancos/ há moçambicanos”

A literatura e a sede de escrever sobre as coisas que conhecia e sentia, foram desde pequeno, uma realidade. Em Moçambique já fazia as suas tentativas a nível literário e lia os seus escritores de eleição, tais como: José Craveirinha, Noémia de Sousa (esta que antes de falecer insistiu com Delmar que publicasse um livro), Eça de Queirós, Cesário Verde, Bocage, entre outros. Em 1982 escrevia poesia e uma das suas alegrias era «quando via o meu nome nas revistas de Moçambique, isso motivava-me muito». Na altura que frequentou as escolas portuguesas resolve mostrar o seu trabalho às professoras e estas incentivavam-no, ao ponto de uma delas o convencer a enviar as poesias para o Concurso Nacional de Literatura Ferreira de Castro, que ganhou. Depois desse, muitos outros prémios somaram-se, o Cancioneiro Infanto-Juvenil para a língua portuguesa no Piaget, da Rádio Havana recebeu uma Menção Especial, foi convidado a fazer parte do Júri das Nações Unidas (FNUAP) para um Concurso de Cartazes, e venceu um outro da Comunidade Moçambicana em Portugal.

Escreveu muitos livros em conjunto, destacam-se: Poeisis, Viola Delta e Cadernos Moçambicanos.

A mestiçagem é um tema ao qual Delmar dá especial enfoque, pois acredita «que é o futuro da humanidade, principalmente com a globalização» e é um assunto que os escritores mais velhos não podiam falar, era tabu «na altura podias ser mestiço, mas tinhas que te assumir como negro».

Artigo de Rita Pablo

In Revista “Africa Today”

Fevereiro 2006


Poeta zambeziano Delmar Gonçalves depõe


Pretendemos valorizar todas as formas de moçambicanidade e não apenas a política, que insiste em excluir. Nós somos inclusivos, não olhamos para a cor da pele ou para o bilhete de identidade, olhamos apenas e só para o Amor comum que sentimos pelo nosso berço: Moçambique – DELMAR GONÇALVES

Para conhecermos Delmar, um jovem poeta natural de Moçambique que se vem firmando em Portugal através das suas poesias editadas pela editora Minerva, e pelas suas presenças sempre festejadas nos lançamentos dos livros daquela editora, temos que conhecer Quelimane, a capital dos históricos prazos, situada na baixa Zambézia, fulcro de mestiçagem do cruzamento de africanos com reinóis (portugueses) e goeses. Por isso, vamos recolher o testemunho deste jovem natural da vetusta Chuado onde também nasceu quem entrevista o poeta.

Ecos do Oriente (EO) - Como vias a Quelimane do teu tempo?

Delmar Gonçalves (DG) - Quelimane já era uma cidade linda, sempre limpa, mas cujos monumentos já tinham sido varridos pela revolução. De qualquer forma, a minha família sempre apoiou a independência do país, mas não se esperava tanto radicalismo. A minha poesia expressa tudo isso. Houve rusgas nas ruas, nos cinemas (onde a minha família ia todos os domingos assistir às grandes superproduções indianas, com Amitabh Bachchan, Dharmendra, Rajesh Khanna e Dilip Kumar, a brilharem nos cinemas “Águia” e “Estúdio”) e no futebol, onde o Sporting Clube de Quelimane, mais tarde, Palmeiras e Cessel do Luabo, brilhavam com grandes jogadores.

EO - Recorda-me um episódio acontecido contigo em Quelimane?

DG - Um episódio curioso que me marcou deu-se uma vez em que eu saia do cinema “Estúdio”, onde assisti ao filme “Pratiggya” (“O Juramento”) do Dharmendra; fui confrontado por polícias que pediam documentos. Era uma rusga. Quem não tivesse documentos era levado para Lichinga [situado no extremo noroeste do território] num camião. Como eu não tinha documentos, fui levado para o Conselho Executivo de Quelimane, para sermos novamente identificados. Um comandante da Frelimo que conhecia o meu pai reconheceu-me e mandou-me para casa.

Um outro episódio foi numa situação em que assistia a um jogo de futebol com outros mupfanas (crianças) emcima do muro do campo do Sporting, quando chegou um milícia popular e me deu um pontapé dizendo: “Misto sem bandeira, vai para a tua terra!”.


EO – E como é que reagiste a essas situações?

DG – Reagi com lágrimas, fiquei perplexo e revoltado porque ele surpreendeu-me. Sai de lá e fui directo para casa. Nesse momento pensei “Moçambique tem o futuro adiado!”


EO - Quando começaste a escrever e aonde?

DG - Comecei a escrever em 1982, com simples cartas de leitores na revista “Tempo”, que foram elogiadas e posteriormente comecei a escrever poemas e a enviá-los. Já em Portugal, em 1985, comecei a enviar textos emprosa e poesia, para o DN Jovem, que publicou e aconselhou a continuar a escrever. Em 1998, Noémia de Sousa, aconselhou-me a publicar.

EO - Qual foi a reacção do que recebeu o teu trabalho e qual foi a tua?

DG - O incentivo do DN Jovem foi importante, no entanto o meu maior apoio foi da minha professora de 8º e 9ºanos de língua portuguesa e francês, a Sra. Gabriela. Ela incentivou-me a participar no primeiro concurso de jogos florais da escola secundária da Parede, que venci, e no prémio português de literatura juvenil Ferreira de Castro, em poesia, que ganhei já em 1987.

Apesar das tropelias que lhe aconteceram, e a muitos mais jovens seus contemporâneos, devido ao racismo dealguns (e que não poucos), Delmar abraçou a causa, separando as águas, da moçambicanidade, da terra onde nasceu, cresceu e se fundam as suas raízes. Aqui vem formando núcleos que reflictam as actividades que decorreram e decorrem naquela terra o Índico.

EO - O que é o Movimento Jovem Moçambicano de Intervenção Cultural em Portugal?

DG - Este movimento moçambicano não é uma associação, nem uma ONGD, nem um clube, mas um movimento de vontades comuns de jovens que pretendem lutar e contribuir para uma relação saudável e profícua entre os povos falantes da língua de Camões, embora respeitando as diferenças e variantes específicas de cada espaço geográfico e cultural e nesse âmbito já realizou exposições de pintura, escultura, desenho e fotografia, recitais de poesia, palestras pela paz (em Timor, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Israel, Palestina e Tibete). Já ofereceu livros para venda às associações e ONGD’s; já ofereceu vídeos e DVD’s às associações, inclusivamente, já organizou uma conferência internacional interreligiosa pela Paz. Tem feito também numerosas intervenções em escolas e temos vários eventos previstos.

Pretendemos valorizar todas as formas de moçambicanidade e não apenas a política, que insiste em excluir. Nós somos inclusivos, não olhamos para a cor da pele ou para o bilhete de identidade, olhamos apenas e só para o Amor comum que sentimos pelo nosso berço – Moçambique.

DELMAR MAIA GONÇALVES nasceu em Quelimane em 5 de Julho de 1969. Foi membro activo da Organização da Juventude Moçambicana (O.J.M.) e Quelimane e dirigente estudantil.

Já em Portugal foi igualmente dirigente estudantil quer no Ensino Secundário, quer no Ensino Universitário.

Fez parte do Movimento Encontro de Jovens da comunidade Shalom – Sociedade de Vida Apostólica.

Como professor orientou e dirigiu acantonamentos de jovens estudantes do ensino Secundário de Educação Moral e Religiosa Católica na Ericeira.

Fundou recentemente o Movimento Jovem Moçambicano Intervenção Cultural em Portugal.

É um dos coordenadores dos “Cadernos Moçambicanos Manguana”.

Delmar tem uma filha que se chama Luna Delmar Gonçalves, já com 9 anos de idade, e vive hoje na linha de Cascais.


Entrevista de MÁRIO VIEGAS

In Revista "Ecos do Oriente"

Janeiro/Março 2008







domingo, 5 de julho de 2009

Bom dia Delmar;
Hoje, esta mensagem
Que mando para você
Tem que ser especial,
Afinal hoje é seu aniversário.
Parabéns que Deus continue
Protegendo essa pessoa especial
Que é você
,Que os sentimentos mais puros
Se concretizem em gestos de bondade.
A paz que do seu lado a gente sente;
Uma alegria imensa já nos tráz.
Feliz aniversário.

Beijinho,


Maria da Conceição Novo

quarta-feira, 1 de julho de 2009




Homenagem a Delmar Maia Gonçalves (nascido em Quelimane, a 5 de julho de 1969). Um escritor/poeta de Moçambique.
Amigo e colega de trabalho.
...
De escrita na pele,
e sorriso no rosto.
Uma viagem sem papel,
roteiro de palavras que respeito.
...
poeta moçambicano,
colega e amigo.
num abraço sem tamanho,
um voo livre com sossego.
...
Nos meus desenhos te revejo,
espelho de alma límpida.
hoje concedo-te um desejo,
o rascunho de um sucesso antecipado.
...
Cristina Araújo
(Professora e Artista Plástica)
Lisboa, 30 de Junho de 2009