sábado, 11 de dezembro de 2010

Mensagem que não sai da gaveta de quem a pensa

Há algumas semanas atrás, por um pequeno acaso, vi-me envolvido no 1º Encontro de Escritores Moçambicanos na Diáspora e ouvi o organizador do evento, professor e poeta Delmar Gonçalves, lamentar a falta de correspondência entre os escritores moçambicanos nomeadamente os que se afastaram geograficamente da mãe pátria, contrastando com o que se passava “antigamente” em que, até de forma clandestina, se trocavam ideias à distância.
Penso que essa preocupação ilustra bem a maior lacuna da sociedade actual – a indiferença. É impressionante a forma como o crescente aparecimento de vias de comunicação simples e rápidas traduz-se de forma inversamente proporcional nos contactos humanos. A atmosfera dos nossos dias apresenta-se estranhamente cinzenta… vazia… ausente… inerte… engolida pelo efervescer do dito progresso que o futuro dirá se se tratou ou não de mero desenvolvimento de fachada e não gelou por completo o interior de cada um na sua relação com o mundo, com os outros e, no limite, consigo próprio. Até dá a ideia que a ausência de esforço em fazermos chegar o nosso pensamento numa fracção de segundo a alguém que se encontre nos nossos antípodas banalizou e, por conseguinte, desvalorizou o relacionamento humano. Sente-se que havia mais vontade em comunicar quando se tratava de um cabo de tormentas fazer chegar a mensagem ao destinatário e não é necessário recuar ao tempo do pombo-correio ou dos sinais de fumo.

Rui Reis
In http://justperfectworld.blogspot.com

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