sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Grandes nomes que zelam pela língua Portuguesa ingressarão no Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa em Março de 2014


Está confirmada! A Posse do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa, receberá grandes nomes não só de Portugal mas, também dos países lusófonos para Noite de Outorgas no dia 28 de março em Lisboa.  Grandes artistas, poetas e escritores.  Alguns brasileiros também serão indicados e em breve todos poderão conhecer os nomes dos brasileiros confirmados.  
Segue abaixo alguns nomes que irão fortalecer e enriquecer este núcleo e que deixarão seus nomes na imortalidade. 
1 -Roberto Chichorro (Moçambique) 
2 - David Levy Lima (Cabo-Verde) 
3 - Ascêncio de Freitas (Moçambique) 
4 - Jorge Viegas (Moçambique) 
5 - Ribeiro Canotilho (Moçambique) 
6 - Waldir Araújo (Guiné-Bissau)
7 - Ana Mafalda Leite (Moçambique) 
8 - Fernando Grade (Portugal) 
9 - Mário Máximo (Portugal)
10 - Alberto Araújo (Timor-Leste) 
11 - Delmar Maia Gonçalves (Moçambique)
12 - Vera Novo Fornelos (Portugal)
13 - Samuel Pimenta (Portugal)


domingo, 8 de dezembro de 2013

“MADALENA O TRADICIONAL CASAMENTO SEM AMOR”

Quando o parto de “Madalena - O tradicional Casamento sem amor” aconteceu, deixou de pertencer ao autor HOSTEN YASSINE ALI, sendo carinhosamente acariciado pelos seus leitores  cúmplices. Depois de conquistar muitos destes leitores em Portugal, eis que me surge finalmente nas mãos fresquinho, kanimambo vida que o trouxe aos meus sentidos… depois de encontros, desencontros e reencontros com o autor. Obviamente, uma grande surpresa, como de resto o próprio autor. Bons olhos o vejam!
Um jovem oficial da marinha moçambicana em Portugal, em formação superior, habituado a disciplina reclusiva e rigor, propícia ao Escritor em potência que já morava nele, foi reflectindo em torno de questões fundamentais da sociedade moçambicana e da nossa existência. Um olhar microscópico sobre realidades já conhecidas nalguns casos, mas não debatidas e eventualmente desconhecidas para outros.
Períodos longos que permitiram ao Autor um longo namoro com a escrita de que resultou este belo livro, magistralmente escrito.
O jovem Escritor Moçambicano, um Cronista de excelência e um grande romancista em potência, surpreendem pela maturidade na escrita, pelas escolhas que fez enquanto “iniciante” na literatura e pela enorme qualidade e valor estético-literário da sua obra (“Kurhula” crónicas e “Madalena- O tradicional casamento sem amor” Romance). Escolha arriscada , mas pensada. Calculo.
As tradições aqui desnudadas, muitas vezes incompreendidas são um apelo ao seu conhecimento, compreensão e descodificação.
A identidade de qualquer povo está alicerçada na língua e  num sistema de valores e tradições mais ou menos contestados, sobretudo quando se sofrem 500 anos de colonização e um combate cego, feroz e desigual (ao tribalismo, regionalismo, obscurantismo), desde 1975, e que se prolongou num longo período pós-independência até 1986, terminando sem vencedores nem vencidos.
Não se combatem as tradições com decretos lei. Mas, qualquer tradição pode conter nela códigos e práticas nocivas ou até carregadas de violações de direitos fundamentais e genericamente atropelos graves à dignidade humana para as sociedades modernas, em especial para as mulheres da sociedade moçambicana actual, no actual estágio de desenvolvimento. Mas, por outro lado, podem conter códigos que beneficiam franjas de cidadãos fragilizados pela sua condição, particularmente as mulheres em determinados contextos.
Nesse sentido, o Autor interpela-nos e motiva-nos à reflexão profunda sobre uma realidade que existe e que não pode jamais ser ignorada.
Cabe-nos a nós leitores, fazer a escolha subjectiva entre o que é nocivo e o que é benéfico, contribuindo se possível para o debate e para a eliminação, se necessário, de práticas nocivas ou não, que efectivamente podem prejudicar mais do que beneficiar globalmente a sociedade moçambicana, num diálogo sábio e permanente com as tradições.   


DELMAR MAIA GONÇALVES

(PRESIDENTE DO CÍRCULO DE ESCRITORES MOÇAMBICANOS NA DIÁSPORA – CEMD) 

Jornalista Shirley M. Cavalcante (SMC) entrevista escritor Delmar Gonçalves


Delmar Maia Gonçalves nasceu a 5 de Julho de 1969 em Moçambique. É Membro do Júri do I Concurso Internacional de Escritores Infanto-Juvenis “La Atrevida” e Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora. Também é membro do Conselho Cultural da Associação Cultural e Artística Portugal-Lituânia e Membro da direção do Movimento Internacional Lusófono. Livros Publicados: Moçambique Novo, o Enigma; Moçambiquizando; Afrozambeziando Ninfas e Deusas; Mestiço de Corpo Inteiro; Entre dois rios com margens. www.delmarmg.tk.


1.      Prezado escritor Delmar Gonçalves para nós é um prazer contar com a sua participação no projeto Divulga Escritor. Conte-nos o que mais lhe atrai na escrita literária? O que o motiva a escrever?

DMG: O que mais me atrai na escrita literária é o eterno namoro do Poeta com as  palavras. Os escritores buscam a eternidade delas e não se cansam nunca da virtude da beleza e do espanto! O que me motiva a escrever é o sentimento grato de estar vivo e viver. Sobreviver  apenas , não é justo! A poesia da vida não aceita! Depois, o vínculo da minha escrita ao útil. A literatura come-se, porque nos alimenta o corpo e a alma eliminando as gorduras desnecessárias.


2.      Que temas você aborda em seu livro “Moçambique Novo, o Enigma”?

DMG: No livro MOÇAMBIQUE NOVO, O ENIGMA, meu país que é efectivamente um enigma é o tema central do livro. Seus dramas, tristezas, alegrias, vitórias e derrotas estão presentes.


3.      Como surgiu a ideia de escrever seu livro “Moçambiquizando”? Como foi a escolha do Título?

DMG: No fundo, a continuação de um exercício de moçambicanidade co “MOÇAMBIQUIZANDO”. Uma espécie de dança, uma celebração do meu país. Uma necessidade de abraçar o meu país! O título para mim diz sempre muito. Mas, este saiu naturalmente para perpetuar minha relação especial com ele!


4.      “Afrozambeziando Ninfas e Deusas” Em quanto tempo você escreveu este livro? Que temas você aborda nesta obra?

DMG: Não faço ideia. Fui escrevendo e não dei pelo tempo. A escrita absorve-me sem me cansar. Nesta obra o tema central é a mulher. A mulher Africana, a mulher Moçambicana, a mulher mãe, a amante, a prostituta ou a Deusa.


5.      Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas?

DMG: Escrevo por puro prazer. Não escrevo a pensar no público. Nessa medida, não escolho público alvo. Mas como é óbvio, gostaria de ser lido por todos e em especial por aqueles que não compreendem o que é ser emigrante, imigrante forçado ou exilado e viver na diáspora, fora da sua pátria! A minha mensagem é de paz, verdade, humanismo, irreverência, coragem e fraternidade universal.

6.      Escritor Delmar de que forma você divulga, hoje, o seu trabalho?

DMG: Divulgo através de entrevistas às rádios, televisões, revistas, jornais, participação em eventos culturais nacionais ou de cariz internacional, sites, blogues e das redes sociais.

7.      Onde podemos comprar os seus livros?

DMG: Em diversas livrarias de Lisboa, em Sites de livrarias Portuguesas  e espanholas online, de editoras, no meu Site pessoal e do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora.


8.      Você hoje é presidente/representante de várias entidades literárias, conte-nos quais seus principais objetivos ao Representar estas entidades? De forma resumida quais as principais  atividades que vocês desenvolvem? Quem pode participar?

DMG: Ao representar várias entidades literárias pretendo apenas intensificar e formalizar meu vínculo e paixão eternos com a literatura, promovendo-a e promovendo velhos e novos autores, uns mais reconhecidos, outros menos, uns mais mediáticos outros não! Promovemos um Encontro anual, uma Gala trianual, uma Revista do Encontro, Revistas Culturais mensais, Tertúlias de Poesia regular e Encontros mensais com escritores e poetas. A participação é sempre aberta a todos independentemente da sua nacionalidade. Participam essencialmente poetas, escritores (ensaístas, cronistas, romancistas, contistas), jornalistas, artistas plásticos e críticos literários. Atribuímos um Reconhecimento anual a um Escritor/ Poeta e outro a um Artista Plástico. E  escolhemos Sócios Honorários que contribuem para a cooperação e o intercâmbio Lusófonos.


9.      Que diferenças literárias você citaria entre o mercado literário de Portugal e mercado literário de Moçambique?

DMG: O mercado literário português é muito mais competitivo, há muito mais oferta de autores e livros. Há mais hipóteses de escolha. O mercado moçambicano verifica-se estar em franco crescimento, com muitos autores de qualidade, mas com limitações na área editorial , que ainda carece de muito financiamento e alguma dependência do mecenato cultural. Acredito no futuro da literatura moçambicana que não se resume aos quatro ou cinco autores de que se vai falando de forma insistente. Há muitos mais e com enorme qualidade. Alguns deles muito jovens e que merecem todo o carinho e apoio, bastando que apostem neles.


10.  Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escritor Delmar Gonçalves, que mensagem você deixa para nossos leitores?

DMG: Quero deixar um grande e fraterno abraço aos leitores do Projeto DIVULGA ESCRITOR e para quem não conhece bem a LITERATURA MOÇAMBICANA, que ultrapassa as fronteiras geográficas de Moçambique, procure aprofundar esse escasso conhecimento e tornar-se-á rapidamente uma enorme paixão!!! Grato abraço SHIRLEY M. CAVALCANTE.



quinta-feira, 28 de novembro de 2013

ENTREVISTA AO JORNAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA IMPRENSA


1 - Em que ponto está o Acordo Ortográfico em Moçambique? O governo chegou a ratificar?
O Governo de Moçambique ratificou o AO em 2012. Essa posição teve em conta a Presidência da CPLP que o país assumiu. De resto é a posição do Governo Moçambicano de que os moçambicanos falam português, mas com características muito próprias, tendo em conta o grande peso das chamadas línguas nacionais. Na perspectiva deste Governo haverá também aqui imenso trabalho a fazer entre a ratificação do AO já feita e a plena entrada em vigor do mesmo. Sendo preciso clarificar a dimensão total e global das implicações de natureza não só financeira, como também, organizativa e operativa da língua.

2 - Há oposição significativa ao AO em Moçambique?
Se considerar os escritores, poetas, jornalistas, professores de todos os níveis de ensino, formadores, educadores, investigadores, linguistas, artistas plásticos e alguns políticos moçambicanos significativos, então sim, é muito significativa a oposição. Depois, não se pode esquecer toda a massa intelectual moçambicana nas várias diásporas. Para além das vozes que se erguem, há ainda muitas vozes silenciosas.

3 - Qual é a opinião do senhor sobre as novas regras adotadas pelo AO?
A minha posição é clara. Sou absolutamente contra o AO, digo mais: repudio-o! Este acordo nem sequer tem em conta a realidade específica de Moçambique, é um acordo meramente de cariz económico-financeiro, que não respeita as especificidades culturais dos diversos países da CPLP (africanos e Timor-Leste).

4 - Na opinião do senhor, o AO leva em conta as diferenças culturais entre os diversos países falantes de Português?
Na minha opinião, não leva em conta, nem respeita as diferenças culturais e linguísticas dentro do espaço da CPLP. Além da língua portuguesa, quantas línguas mais se falam na Guiné-Bissau? Quantas línguas mais se falam em Angola? Quantas línguas mais se falam em Moçambique? Quantas línguas se falam em São Tomé e Príncipe, Cabo Verde ou Timor –Leste?
Alguém teve em conta que em alguns destes países a padronização destas línguas estava ainda em curso ou, em alguns casos, não se tinha ainda iniciado? E a alfabetização que decorria terá que ser feita em novos moldes?

5 - O AO facilita ou dificulta o ensino da língua em Moçambique?
Se fala do ensino na língua portuguesa, eu diria pessoalmente, que dificulta. Porquê? Porque a formação ainda é deficitária. Muita gente já sentia dificuldades na norma anterior da escrita e da fala e estava ainda num processo de consolidação. Com o novo AO todo o trabalho feito, que foi muito e significativo, vai por água abaixo. Quem domina a língua portuguesa, actualmente, precisa de formação e até que, o domínio da nova norma seja efectivo, isso levará quanto tempo? Moçambique ainda tem falta de quadros na educação e os que há, apresentam algum défice de formação contínua, salvo uma relativa minoria e precisaremos de formadores em todas as áreas e sectores de actividade da sociedade, não só de educação. Quem, como e quando serão formados? E por quem? Quantos especialistas do novo AO há disponíveis para ir formar Moçambique de norte a sul? E quem lhes irá financiar?
Outro facto a ter em conta, como atrás referi, será o da padronização das outras línguas faladas em Moçambique. Já existem aulas experimentais de alfabetização nalgumas línguas nacionais e outras ainda em processo de estudo. Como ficará tudo isto? Pergunto-me se tiveram em conta todos estes factores?

E os manuais escolares moçambicanos serão produzidos por quem? Quem os financiará? Onde serão editados e quem serão os seus autores? Em quanto tempo será feito tudo isto? Quem irá financiar e apetrechar as bibliotecas nacionais, locais e escolares, que ainda recebem livros com a norma anterior e que muito se lamentam da falta de livros técnicos e não só?

ENTREVISTA A SITE ANGOLANO


Entrevista a Delmar Gonçalves poeta e escritor moçambicano
1) Comecemos com a pergunta da praxe, como começou a escrever?
R: Bem, comecei a escrever na escola e na altura escrevi mais prosa. Isto foi em 1982, ainda em Moçambique, e nessa altura já admirava muito o Eça de Queirós, Escritor Português,  que descobri na humilde mas bela Biblioteca Municipal de Quelimane. E gostava também de ler Banda  Desenhada, Lendas e Contos.

2) Quais são as influências da infância e adolescência que determinaram para a sua opção pela poesia e não para uma outra vertente artística? E porque? 
R:As minhas influências da Infância e Adolescência que determinaram a minha opção pela Escrita e não propriamente pela Poesia, de que no princípio nem era grande adepto, e não escrevo apenas Poesia.Foram como disse, antes as minhas leituras de Eça de Queirós (de Portugal), a descoberta da Moçambicana  Noémia de Sousa na Poesia,  da Poesia Erótica e Satírica do Poeta Português Bocage, da Poesia  do Moçambicano Rui Nogar,  da leitura  dos Contos das Mil e Uma Noites, da  leitura de Pepetela (de Angola), da leitura de Ruy Mingas (de Angola) e  de alguns dos livros da colecção FBI  que surripiava ao meu pai. Depois, lia muito os Jornais Moçambicanos “Notícias”, “Domingo” e a Revista “Tempo” que o meu pai sempre comprava e via muito Cinema que depois contava aos familiares e amigos (meu falecido  irmão mais velho  era Artista Plástico Moçambicano  e trabalhava  em dois Cinemas de Quelimane). Também tinha um avô já falecido, que gostava de contar Histórias com grandes pingos de humor! Foi aí que decidi  começar as minhas primeiras tentativas de Escrita.

3) Como se deu o processo de fixação em Portugal e para que fins?
R: Foi  doloroso. Nunca o esperei, pois a incorporação no serviço militar obrigatório moçambicano de vários familiares meus, entre eles de um irmão, vários primos, tios  e tias, devido à birrice vingativa pessoal de um Comandante com a minha Família, não augurava nada de bom para mim e para um outro irmão meu. Tivemos de sair do nosso país para  Portugal para  prosseguir os Estudos. A África do Sul nunca foi opção,  porque não concordavamos com o desumano  Sistema político  do APARTHEID.



4) Como tem sido a sua vida artística fora de Moçambique?
R: Tem sido abençoada por coisas boas graças ao meu esforço, trabalho e dedicação. Já ganhei alguns Prémios e Reconhecimentos importantes. Felizmente os Convites não param de surgir. Ainda espero concretizar  muitos Projectos e muitas conquistas.

5) Sabemos que criou o CEMD «círculo de escritores moçambicanos na diáspora» qual é exatamente o trabalho que desenvolve?
R:Promover e Divulgar a Literatura Moçambicana (dentro e fora de Moçambique) e autores Moçambicanos conhecidos e desconhecidos  que estão dentro e fora de Moçambique, criar pontes entre  nós e potenciar o intercâmbio entre os Autores da CPLP.

6) Que relações mantem com os escritores moçambicanos na diáspora e em Moçambique?
R: Quer nas diásporas, quer em MOÇAMBIQUE sem  excepção, relaciono-me bem com todos, de forma natural, saudável e normal. Existe um intercâmbio intelectual  saudável. Todos os dias trabalho para que este objectivo seja uma realidade, pois acredito que o compromisso maior dos Escritores deve ser com a Escrita! Alguns desses  Escritores, tornaram-se meus  amigos pessoais e cúmplices das grandes  jornadas literárias!

7) Na sua opinião quais são as dificuldades para publicar um livro em Moçambique? 
R:  Tem a ver com o fraco investimento editorial nos autores moçambicanos menos conhecidos ou ainda pouco reconhecidos ou desconhecidos. As grandes Editoras não apostam em valores desconhecidos. Uma visão  estratégica  errada! Depois, o  mecenato cultural deveria ser mais incentivado e reconhecido!

8) Fale-nos da literatura africana contemporânea (Angola, Cabo-verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe).
R: Creio que as Literaturas Moçambicana, Angolana e Cabo-Verdiana levam vantagem sobre as Literaturas da Guiné-Bissau e São Tomé e Princípe. Ganharam um Estatuto diferente! Moçambique, Angola e Cabo Verde ganharam a Projecção que a Guiné-Bissau e São Tomé e Princípe ainda não  possuem. Mas julgo também que apesar de tudo, todas elas partilham os mesmos dramas e problemas!

9) Na sua opinião como está a literatura africana de língua portuguesa, em termos de produção?
R: O número de Autores de qualidade aumentou e obviamente a produção literária cresceu. Virou moda ser  Escritor, Poeta ou Artista Plástico! O inverso também aconteceu, há demasiada gente publicando, mesmo sem qualidade nenhuma. E existe  muito  oportunismo e busca  de simples protagonismo  doentio. Será necessária a filtragem, que estou certo só a crítica e as Academias se encarregarão de fazer! Nesse processo, deve estar de fora o poder político!

10) Qual a sua opinião sobre o ensino das artes nas escolas africanas?
R: Julgo que em relação ao meu país em especial, apesar de ter grandes mestres da Pintura, Desenho, Escultura, Cerâmica e Fotografia (Malangatana, Chichorro, Bertina Lopes, José Pádua, Naguib, Inácio Matsinhe, Reinata Sadimba, Shikani, Lívio de Morais, Ribeiro Canotilho, Chissano, José Júlio, Lara Guerra , Mankeu, Naftal  Langa, Heitor Pais, Ricardo Rangel, Ntaluma), precisa de um grande investimento na área do Ensino.Mais Escolas Intermédias, Profissionais e Superiores de Artes e de preferência em todas as Cidades Capitais Provinciais até ao Ensino Universitário, com promoção de Mestrados e Doutoramentos. Julgo também  que teremos muito a aprender com outros países da África Central,nesse aspecto particular! De resto, acredito que Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Princípe têm problemas comuns nesta área.

11) Sobre a literatura de língua portuguesa, que livros recomenda para leitura obrigatória e porquê?
R: Neste momento, julgo haver Autores que já deveriam ser obrigatórios! Sem discriminar ninguém, julgo que José Craveirinha, Noémia de Sousa, Rui Knopfli, Rui Nogar, Mia Couto, Ungulani Ba Ka Khosa, Paulina Chiziane, Eduardo White, Luís Carlos Patraquim e Virgílio de Lemos devem ser as referências. Mas sem descurarem Antologias inclusivas de todos os outros Autores Moçambicanos   que estão  dentro e fora  do país e já possuem obra significativa.Exemplos? Nélson Saúte, Marcelo  Panguana, Calane da Silva, Ascêncio de Freitas, Lília Momplé, João Paulo Borges Coelho, Heliodoro Baptista, Jorge Viegas, Suleiman Cassamo, Delmar Maia Gonçalves, Guita Jr., Sebastião Alba, Sónia Sultuane, Lucílio  Manjate, Ruy Guerra, Albino Magaia, Bahassan Adamodgy, Jorge Rebelo, Filimone Meigos, Marcelino dos Santos, Luís Bernardo Honwana, Rui de Noronha, Reinaldo Ferreira, Nuno Bermudes, Glória de Sant’Anna, Ana Mafalda Leite, Orlando Mendes,  entre outros.

12) Qual é a importância da literatura oral no contexto atual e num mundo cada vez mais globalizado?
R: É de importância fulcral, pois é o início de tudo. Necessariamente teremos de preservá-la, defendê-la! Está lá a nossa Identidade, a raiz da nossa História ancestral! Mas julgo estar neste momento  sendo resgatada pelos jovens Africanos, que já perceberam a sua importância!

13) Fale-nos do contexto atual do estado Moçambicano, estamos a beira de uma guerra? Como cidadão qual é a sua opinião?
R: Creio que neste momento vivemos uma guerra não declarada, com  consequências imprevisíveis. O próprio regime de tipo Democrático estará posto em causa em termos de futuro. Sou absolutamente contra o belicismo actual, e, portanto, contra qualquer hipótese de guerra. Este conflito deve ser resolvido pela via do Diálogo, que aliás estava decorrendo quando foi bruscamente interrompido! Não julgo normal ou viável que sucedam ataques armados recíprocos com mortes e em simultâneo se fale de Diálogo e de Paz! As Hostilidades devem parar já!!! É uma loucura, um absurdo em que o Povo Moçambicano não se revê!

14) Enquanto poeta e escritor, que mensagem deixaria para a juventude africana?
R: Apelaria para que a Juventude Africana aposte forte na sua formação quer Académica quer Profissional, acredite em si própria e tenha fé e esperança no FUTURO, sem que isso signifique   deixar de ser mais reivindicativa , mais  crítica e auto-crítica no PRESENTE! Nada nos é dado de mão beijada, gratuitamente. Temos de lutar, lutar sempre  para conquistar um pedaço que seja do nosso chão!

Por: Domingas Monte


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Informação importante sobre o Acordo Ortográfico

Enquanto autor, sou totalmente contrário ao assim denominado "Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", pelo que, continuo e continuarei a escrever segundo a chamada "Norma Antiga".

Delmar Maia Gonçalves

terça-feira, 26 de março de 2013

«Viola Delta volume XLIX – poemas sobre África e outros textos»


 

Para festejar os 35 anos dos Cadernos de Poesia Viola Delta, iniciados em 1977, surge este novo trabalho poético. Trata-se de um livro colectivo com poemas de quinze autores: Al Aarão, Alberto Martins Rodrigues, António Cardoso, António Salvado, Armando Taborda, Carlos Domingos, David Mestre, Delmar Maia Gonçalves, Fernando Grade, Fernando Pinto Ribeiro, Júlio-António Salgueiro, Luís Filipe João, Luísa de Andrade Leite, Manuel Ramilo Salgueiro e Maria Almira Medina.
Não se trata apenas de juntar poemas de 15 poetas em livro. Há sempre algo mais – História e Memória, ambas vivas. Todos os autores trazem uma nota de apresentação; por exemplo na ficha de Alberto Martins Rodrigues (1950-1986) escreve Fernando Grade: Do «I Encontro dos Escritores Portugueses», realizado em 1975, um dos grupos de trabalho emergentes foi a Comissão para Publicação de Autores em Editor: Afonso Cautela, Fernando Grade, Hermano Neves, João de Melo, José Correia Tavares, Júlio Conrado e Serafim Ferreira. Desta pró-literária (ou a-literária) salada russa salpicada de molho tártaro e beirense, acabou por não sair qualquer coelho da cartola real ou fictícia. Até porque o «25 de Abril» foi estrangulado pelos vendilhões do Tempo… Era alentejano de mais para ser sorvido pelos janotas analfas do Chiado. Os perfumadinhos encharcados em dólares (marados ou não). Os capados da alma.»
David Mestre (1948-1998) foi viver para Luanda com 3 anos, jornalista e poeta, desertou do exército português em Angola e foi preso em 1971 para ser libertado em 1974. Começou a publicar em 1973 e além de livros de poesia publicou crónicas e ensaios.
Júlio-António Salgueiro (1943-1975) foi um dos fundadores do Movimento Desintegracionista em 1965 e em Luanda escreveu o poema «Movimento da Terra»: «Depois da morte como depois da tua vida / Não procures o significado oculto da rosa apodrecida / Aonde queres chegar tens que partir só na tarde negra / Que zumbe na temperatura do grande verão / No centro da esfera de luz que se move em movimento / E não te prendas com o que não é há muito esperado / Não olhes a paisagem porque não é paisagem única / A ninguém interessa se estás contente e a águia desce / A prumo e cada átomo do teu corpo refaz o mundo / Na sua totalidade escuta há grandes intervalos / Que devem ser preenchidos entre a vida e a morte».
(Edições Mic, Ilustrações: J. Leitão Baptista, Júlio Gil. Nadir Afonso)

José do Carmo Francisco 
in Gazeta das Caldas

sábado, 26 de janeiro de 2013

"MESTIÇO DE CORPO INTEIRO" por DELMAR DOMINGOS DE CARVALHO


Quando li este livro de autoria do meu querido amigo Delmar Francisco Maia Barrigas Gonçalves, senti a dor da incompreensão e a alegria do amor que brota dum nobre coração universalista. Esta obra ficou a meu lado, na minha secretária, uma das raras que têm essa posição.


De vez em quando leio-a, reflito, torno a ler, procuro entrar no chamado “inconsciente coletivo”, coloco-me no lugar do meu irmão Francisco, mergulhando no seu mar profundo.

A ambos, nossos queridos pais escolheram o nome de Delmar, mas ele é Francisco, o Cristo da Idade-Média, agora do século XXI, sente as dores e as alegrias da Humanidade, como um verdadeiro discípulo do Salvador. Por isso ele é mestiço produto de cruzamentos acima das raças, do amor universal, onde elas não existem e onde florescem lindas flores de todas as cores.

Podem atirar-lhe pedras que ele reenviará flores carregadas do amor fraterno, puro, que tudo perdoa, que une e eleva. Ele é um Gandhi que tanto amou e muito sofreu; ele é um Martin Luther King II, que deu a vida pela Fraternidade Universal, e, ao mesmo tempo, ele é um simples e humilde cidadão que tem raízes em Moçambique, como em Trás-os-Montes, Portugal, como em muitos outros locais, ele é timorense, ele é São-tomense, ele é cabo-verdiano, ele é brasileiro, qual Padre António Vieira, apóstolo dos índios, ele é angolano, guineense, como é inglês, francês, americano, eslavo, indiano. Embora nascido em Quelimane, Zambézia, Moçambique, filho de um pai branco e de uma mãe negra,
Delmar Gonçalves é um cidadão universal.

E porque é mestiço sente de um modo especial o amor a toda a criação, livre de dogmas, de caducas convenções sociais, de preconceitos cristalizadores, ele é um verdadeiro amigo de todos sejam quais forem as suas cores, os seus credos, os seus países.

Nele está tudo misturado, tal como na Unidade da Vida.

Por isso, quando tive a alegria e a honra de conhecê-lo, logo senti que estava perante um irmão cujo coração está cheio de amor e de compaixão.

Dizem que eu sou branco, mas não me sinto como tal, em mim também estão todos os povos e todas as cores; sucede o mesmo no meu querido amigo, ele é “ mestiço de corpo inteiro”, mas ele é Universal, e nunca o vi como mestiço, mas como um irmão do arco-íris.


28 de janeiro de 2013
Delmar Domingos de Carvalho


   
   

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

DELMAR MAIA GONÇALVES por LUÍS FERREIRA


DELMAR  MAIA GONÇALVES
Africano à descoberta e conquista   colectiva de novos territórios poéticos,DELMAR MAIA GONÇALVES vai buscar força e  coragem para mergulhar afoitamente nas bravias tempestades dos dias que vivemos.
Assim prepara a colheita com a semente poética para o futuro,na busca permanente de fraterna solidariedade.
Homem-Poeta que nasce sob o signo do  vulcão,que sente o calor abrasador,a incandescência da lava que tudo derrete e transforma até solidificar e cristalizar a sua linguagem criativa.
Que os deuses a existirem não sobrecarreguem de obstáculos a já difícil tarefa dos Poetas em construir Poesia.

LUÍS FERREIRA
(ARTISTA PLÁSTICO e POETA PORTUGUÊS)

Lisboa,2006.